O “adeus” de Teresa
Castro Alves
A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos... E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co´a fala...
E ela, corando, murmurou-me: “adeus”
Uma noite... entreabriu-se um reposteiro...
E da alcova saía um cavalheiro
Inda beijando uma mulher sem véus...
Era eu... Era a pálida Teresa!
“Adeus” lhe disse conservando-a presa...
E ela entre beijos murmurou-me: “adeus!”
Passaram tempos... sec´los de delírio
Prazeres divinais... gozos do Empíreo...
...Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse – “Voltarei!... descansa!...”
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluções murmurou-me: “adeus!”
Quando voltei... era o palácio em festa!...
E a voz d´Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei!... Ela me olhou branca... surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!...
E ela arquejando murmurou-me: “adeus”
(Poesias completas, São Paulo, Nacional, 1959. In: “Literatura Produção de Textos & Gramática”, de Samira Youssef Campedelli e Jésus Barbosa Souza).
Nenhum comentário:
Postar um comentário