segunda-feira, 10 de agosto de 2009

SÉTIMA ARTE/ Sessão de Cinema e Psicanálise

Enigmas da “biografia de um vazio”


Jóis Alberto

“O adversário”, direção de Nicole Garcia, é o filme da Sessão de Cinema e Psicanálise deste mês, às 20h de sexta-feira (14/08/09) na Aliança Francesa de Natal, Praça Cívica, Petrópolis. O roteiro é de Fréderic Bélier Garcia, Jacques Fieschi e Nicole Garcia, baseado no livro de Emmanuel Carrère. Esse longa metragem, um drama policial baseado em fatos reais, teve três indicações ao “Cesar”, o mais tradicional e respeitado Prêmio do Cinema Francês: Melhor Ator (Daniel Auteil), Melhor Ator Coadjuvante (François Cluzet), Melhor Atriz Coadjuvante (Emmanuelle Devos). No elenco, destacam-se Daniel Auteil (Jean-Marc Fauvre), Géraldine Pailhas (Christine Fauvre), François Cluzet (Luc) e Emmanuelle Devos (Marianne).
O título do livro e do filme, ‘O Adversário’, supõe um outro, um duplo que lhe é antagônico, e que, em determinado momento está no comando, comenta Teresa Sampaio, uma das organizadoras do evento. Segundo ela, em 10 de janeiro de 1993, um crime abalou a França e o mundo. O impacto foi devido à natureza enigmática do autor desse ato criminoso, Jean-Claude Romand. As interrogações foram tantas que o caso rendeu um livro cuidadoso intitulado ‘O Adversário’, de Emmanuel Carrère, inúmeros artigos de imprensa, dois filmes e um documentário.
Nicole Garcia baseou-se no livro homônimo ao invés de deter-se ao dossiê do caso. Como o julgamento foi pouco elucidativo, o filme não tem a pretensão de revelar a verdade do caso. Como explica a diretora, na hora em que algo é encenado já é um pouco ficção, assim como o próprio discurso: um pouco mentira, um pouco verdade.
“A interpretação de Daniel Auteuil está sublime e lhe rende uma indicação ao César de Melhor Ator”, opina Teresa Sampaio, acrescentando que o trato que Nicole Garcia dá ao filme torna o tema suportável. “Não ouvimos gritos, não vemos sangue. Ela aposta na amnésia de Jean-Marc e vai reconstituindo a história em flash back, que é como ela diz: ‘ a biografia de um vazio e uma espantosa cadeia de eventos’. Ela não vê e não retrata no filme uma violência real, mas ‘um descarrilhamento, uma total aniquilação de um sujeito excessivamente controlado até que uma parte dele se descontrola e nos escapa completamente’”.




FONTE: Texto com comentário de Tereza Sampaio, enviado por e-mail para o editor deste blog, jornalista Jóis Alberto.

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