segunda-feira, 21 de junho de 2010

CINEMA E ANTROPOLOGIA/ Retrospectiva Jean Rouch

Começa exibição de curtas e longas do documentarista francês no Auditório SEBRAE em Natal

Começa nesta segunda-feira à noite (21/06/2010) uma ampla retrospectiva de curtas e longas do documentarista francês Jean Rouch (1917-2004), no prédio do Sebrae/RN em Natal. Ao todo a mostra é composta de 37 filmes, que serão exibidos em três sessões diárias – 15, 17 e 20h –, no perído de 21 a 26 de junho, no auditório do Sebrae, av. Lima e Silva, 76, Lagoa Nova, próximo ao estádio Machadão, em Lagoa Nova.
Segundo a professora Lisabete Coradini, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFRN, Jean Rouch, mais conhecido como "antropólogo do cinema", notabilizou-se por um estilo que conjuga o cinema-verdade com um enfoque etnográfico, filmando em diversos países africanos.
De acordo com a professora Lisabete, essa é uma possibilidade de conhecer filmes raros do diretor, caso de Babatu, Os Três Conselhos, que, filmado em Níger, concorreu à Palma de Ouro em Cannes em 1976; e Funerais em Bongo: O Velho Anaï 1848-1971, filmado no Mali em 1972.
Um dos destaques da programação é o documentário Jean Rouch — O Primeiro Filme, de Dominique Dubosc. Feito em 1991, o filme dá oportunidade a que Rouch revisite e critique seu primeiro filme, No País dos Magos Negros (1946-1947).
O que já se disse: "A presente Retrospectiva Jean Rouch é um marco definitivo em direção à popularização de sua obra entre nós" (antropóloga Patrícia Monte-Mór)

PROGRAMAÇÃO

HOJE (21/06/2010):

Sessão Especial às 19 horas
Abertura dia 21 de junho às 20:15 h
Palestra : "Jean Rouch e Glauber Rocha : de um transe a outro" - Prof. Dr. Mateus Araujo Silva
(UFMG,França)


Engenheiro e doutor em letras, explorador e etnógrafo, Jean Rouch conhecia, desde menino, a obra de Flaherty e Murnau. Ligado ao Museu do Homem - Paris - centro de estudos de antropologia - começou a registrar suas observações etnográficas em filme, ainda nos anos 40, durante viagens à África. Em 1960 realiza, junto com sociólogo Edgar Morin, o filme Crônica de um verão (Chronique d' un été), apoiado em novos recursos técnicos como câmera leve, na mão e gravador de som direto (Nagra). Rouch também investiga possibilidades além das fronteiras do documentário, misturando procedimentos e influências da ficção no desenvolvimento de suas obras. Chama atenção a maneira como investiga a influência cultural do cinema no filme Eu, um negro (Moi, un noir). Os personagens, reais, "fazem de conta" que são atores conhecidos do cinema americano. Pela forma de apresentar esses mitos ficamos sabendo muito de seus sonhos, de sua visão de mundo e da sua cultura. A obra e as idéias de Jean Rouch tem fortes vínculos com o documentário brasileiro ligado ao Cinema Novo (anos 60), pois vários jovens brasileiros fizeram cursos de documentário no Museu do Homem.

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