sexta-feira, 2 de julho de 2010

FUTEBOL/Copa 2010

Lições de erros e acertos da seleção brasileira na “era Dunga”


Jóis Alberto


Hoje, 2 de julho de 2010, é um dia triste para o povo brasileiro. Na manhã deste dia, a seleção brasileira de futebol foi eliminada nas quartas de final para a seleção da Holanda, por 2 x 1, no estádio Nelson Mandela Bay, na cidade de Porto Elizabeth, África do Sul. Passado o grande impacto inicial da derrota, impacto e tristeza maiores porque o Brasil dominou o jogo no primeiro tempo, com 1x0, ao se analisar com mais calma os acertos e erros da equipe brasileira, se pode também traçar algumas perspectivas não só para compreensão dos esportes na era da comunicação digital, mas em relação ao planejamento para a Copa do Mundo de futebol no Brasil em 2014.

Diante da tradição de conquistas do futebol brasileiro em Copas do Mundo, pentacampeão mundial, falar dos acertos técnicos da equipe comandada por Dunga, seria redundante em relação ao que profissionais do futebol já comentaram na TV, rádio, jornais, revistas, internet e outros veículos de comunicação. Culpar isoladamente um jogador, no caso Felipe Melo, que nesse jogo passou da posição de herói – ele contribuiu com passe para o gol de Robinho -, para vilão, pois o mesmo Felipe Melo involuntariamente fez gol contra, numa indecisão fatal com o goleiro Júlio César, seria a reação emocional mais esperada, porém não considero a mais correta.

FIM DA “ERA DUNGA”


Fim da “era Dunga”? Para muitos, felizmente sim! Na minha opinião de torcedor, o grande problema da seleção brasileira nessa Copa 2010 foi a equipe não ter trabalhado melhor o psicológico, o emocional, para saber manter a calma, o auto-controle, nos momentos de maior tensão e nervosismo. Eu, que muitas vezes em situações de stress e nervosismo, perco o auto-controle, sei como é difícil manter a calma em situações como essa. Porém tenho consciência também que perder a calma não ajuda em nada. Foi o que aconteceu com o time brasileiro, principalmente após os lamentáveis erros de Felipe Melo, principalmente quando ele, Melo, após o Brasil estar perdendo de 2x1, ainda marcou uma falta e pisou com maldade na perna de um jogador holandês, sendo desse modo expulso do campo e deixando o Brasil com dez jogadores, numa situação ainda mais difícil. Não é dessa violência que o futebol brasileiro precisa.

O que precisa, então? Comprometimento? É óbvio que sim, porque se não tem esse comprometimento, tão alardeado por Dunga nas entrevistas à imprensa, não se tem o espírito de equipe. Os atletas jogaram com garra? De modo geral, sim. Com talento? Nem sempre... Na primeira partida, contra a Coréia do Norte, de quem o Brasil ganhou por um medíocre 2x1, eu consegui compreender esse placar, por causa principalmente do peso emocional da estréia, diante de um adversário que se fechava na defesa... Nas demais partidas, o desempenho mediano esperado dessa seleção, pelos mais realistas, pelo menos garantiu a classificação para as quartas de final... E foi por confiar demais no estilo mediano de Dunga e dos jogadores escalados por ele, exceção é claro de Robinho e Kaká, que mesmo não jogando o que sabe é superior a vários outros dessa seleção, foi confiando nisso que o Brasil perdeu, quando faltava pouco para alcançar as semi-finais.
Apesar do fracasso, é inegável que Dunga é um treinador com credenciais suficientes para ter ocupado o cargo de técnico da seleção brasileira, como comprovam algumas conquistas de campeonatos importantes que ele ostenta na biografia. Os grandes problemas dele foram a teimosia e o descontrole emocional... Agora, todavia, se eu fosse falar de craques que ficaram de fora seria fazer uma média que prefiro evitar, porque nesse momento, com a eliminação, ficou fácil argumentar nesse sentido... No entanto, é bem verdade que ele, Dunga, poderia ter sido mais flexível, refletido melhor e, quem sabe, o resultado hoje não tivesse sido diferente, se, por exemplo, ele tivesse atendido não só aos apelos de grande parte da torcida brasileira, mas também de profissionais do futebol que atuam na imprensa. Dunga, porém, preferiu correr o risco...
No final, qual o balanço conclusivo dos acertos e erros da seleção, do técnico e da comissão técnica em 2010? Na minha opinião, no geral Dunga e jogadores se saíram razoavelmente porque conseguiram levar o time até às quartas de final, numa Copa em que grandes favoritos foram eliminados nos primeiros jogos, como a França, em grande parte exatamente devido ao descontrole emocional, como no caso do técnico francês e seus jogadores, levando a equipe francesa a um descontrole ainda maior do que o de Dunga e seu time.

EXPECTATIVAS PARA A COPA 2014



Para a Copa de 2014, na qual a cidade de Natal está incluída, é torcer desde já que a seleção brasileira consiga manter o auto-controle na estréia e nas partidas decisivas após as oitavas de final... É saber se recuperar de desempenhos medíocres, como por exemplo foi o caso de Luís Fabiano, que não foi bem na estréia na Copa de 2010 e depois marcou gol; ter o talento do goleiro Júlio César; saber marcar bem, o que faltou entre os laterais escalados; ter o espírito combativo de um zagueiro como Lúcio, que mostrou combatividade, garra, virilidade, sem apelar para a pancadaria, como Felipe Melo, pancadaria que, na defesa, muitas vezes mais atrapalha do que ajuda, como se viu nesta partida de hoje. Dentre os jogadores que atuaram como meias gostei do desempenho de Elano e Kaká; e dos atacantes, Luís Fabiano e Robinho; Nilmar apenas razoável e, Grafite... Bom, esse é um enigma indecifrável... Só Deus sabe por que ele foi convocado!!!

Torço ainda para que Natal consiga, nesses próximos quatro anos, resolver o problema no trânsito da cidade, em especial aqui nessa área central onde moro, o Alecrim, cujo excesso de veículos em ruas estreitas e camelôs nas calçadas transformam o bairro num caos durante os dias úteis da semana...
E para finalizar um último comentário, como jornalista: é sobre o relacionamento de Dunga com a imprensa, em especial a Globo. Na entrevista em que ele, Dunga, murmurou insultos, captados nas imagens e um pouco no áudio, contra repórteres, considero que faltou prudência e humildade de ambos os lados... É lógico que um técnico, em especial ele, que foi jogador tetracampeão, conhece muito de futebol, da mesma forma que vários jornalistas que cobrem essa área e acabam se especializando...

Quanto a Galvão Bueno sempre tive uma opinião: ele é o melhor narrador esportivo da TV brasileira, de modo que ele é imbatível, diria mesmo insubstituível, quando atletas brasileiros saem vitoriosos em diversas modalidades, como futebol, automobilismo, vôlei, basquete, etc... O ruim em Galvão Bueno é quando equipes esportivas brasileiras estão perdendo... Aí é difícil suportar as lamentações dele, os comentários a eventos esportivos já esquecidos por muitos, a referência a superstições, e outras besteiras... Antes, o torcedor tinha que lamentar isso em casa, bares e outros espaços de lazer, com amigos e parentes... Hoje é diferente: fazem gozações que se tornam famosas, como fizeram com o próprio Galvão na internet, montando vídeos que correm o mundo pelo you tube... É a interatividade da era da comunicação digital... Uma época em que a Globo já não pode mais monopolizar sozinha as telecomunicações no Brasil, como fazia antigamente: além de concorrentes nacionais fortes na televisão, tem a concorrência de portais na internet, muitos deles sob o controle acionário de corporações estrangeiras, que por sua vez, não raras vezes veiculam um noticiário que parece torcer contra o Brasil, contra o nosso patriotismo, nossas tradições, nossos arquétipos mais profundos -, mas isso é outra história...
Enfim, futebol se faz com fé, garra, espírito esportivo, arte e ciência.... E, principalmente, muito talento e tranqüilidade, como nos tempos de ídolos inesquecíveis como Pelé, Didi, Garrincha, Gerson, Tostão, Rivelino, Jairzinho, Romário, Cafu, Bebeto, Tafarel, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho...

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