segunda-feira, 6 de julho de 2009

NOTÍCIA – Curso na FJA mostra linguagem contemporânea de documentários

Lições da estética do Documentário de Criação

Jóis Alberto

A exibição de criativos filmes em curta metragem sobre artistas pernambucanos contemporâneos – Brennand e Teresa da Costa Rego, dentre outros – marcou o encerramento do curso “Introdução ao Documentário de Criação”, promovido pela Fundação José Augusto – FJA, com apoio da Galeria Zoon de Fotografia. Realizado de segunda-feira (29/06) até sábado passado (04/07) no turno matutino (8 às 13h), em auditório da FJA, o curso foi ministrado por Gualberto Ferrari, documentarista profissional, que tem em seu currículo longa experiência na BBC Television. G. Ferrari nasceu na Argentina, mas foi criado na França (os curtas exibidos no curso são uma co-produção França/Brasil), tendo trabalhado sempre como jornalista independente, assistente de direção, consultor de roteiro e autor/idealizador de longas metragens.
Devido ao fato do número de inscritos no workshop ter ultrapassado as expectativas dos organizadores, estes conseguiram ampliar o número de 20 para 40 vagas, mesmo assim 55 pessoas ficaram fora do processo. Os organizadores do evento priorizaram a inscrição daqueles que já tinham experiência com audiovisual, educadores, estudantes de comunicação social e jornalistas que manifestaram interesse em ingressar nessa área. Ao final de cada aula do curso, Gualberto deu assessoria a criadores de 13 projetos de documentários em andamento, que foram selecionados pelo professor documentarista. Segundo Geraldo Cavalcanti, assessor para o Audiovisual da FJA, “a Fundação José Augusto, através do Núcleo de Produção Digital Boi de Prata, iniciará, em breve, uma série de cursos de formação para pessoas que pretendam atuar na área audiovisual”.
Participei do evento como jornalista interessado na realização de documentários. Nesse sentido, aproveito a oportunidade deste gancho para fazer aqui no blog alguns comentários não só sobre o curso e o trabalho de Gualberto Ferrari, mas também para divulgar trechos, atualizados, de uma matéria que escrevi em 2006 sobre o audiovisual natalense para a revista Brouhaha, da Fundação Capitania das Artes (ver a outra postagem deste dia). Bom, quanto ao curso, de modo geral gostei. Especialmente pelo profissionalismo e criatividade de Gualberto Ferrari, que além de ter ensinado para a turma as diferenças fundamentais entre um documentário de criação e um documentário jornalístico, recebeu aplausos de todos pela fina sensibilidade e competência com que dirige os filmes, notadamente os já citados sobre os artistas pernambucanos.
Fiquei bem impressionado com o fato de Gualberto Ferrari em nenhum momento ter caído no lugar-comum, nos estereótipos que muitos documentaristas estrangeiros incorrem ao filmar a realidade brasileira. Gualberto, que já conhece o Brasil de outras viagens e contou com uma equipe muito bem assessorada, conseguiu mostrar a realidade brasileira, no caso a realidade sócio-cultural em Recife, com uma sensibilidade, uma criatividade, que poucos documentaristas brasileiros teriam conseguido. Beleza! É torcer para que a TVU, da UFRN, possa em breve exibir esses documentários, já que Gualberto admitiu essa possibilidade, ao ser perguntado em público pelo jornalista e professor da UFRN, Ruy Alckmin, ao final do curso, acerca dessa veiculação.

Importância e atualidade do gênero documentário

O documentário é um dos gêneros cinematográficos mais antigos. Talvez possa se afirmar que nasce com o próprio cinema, já que as primeiras filmagens realizadas no mundo tinham a intenção de captar, documentar cenas do cotidiano. Porém, como o documentário não tem a finalidade de meramente reproduzir o mundo, mas de refletir sobre uma determinada realidade, buscando, para isso, uma narrativa crítica e criativa, de modo a despertar o interesse da platéia, trata-se de um gênero com linguagem própria, com vários estilos de filme e que tem passado por uma grande renovação nos últimos anos. No Brasil, existe há muito uma boa tradição de documentários e documentaristas, dentre os quais podemos citar Joaquim Pedro Andrade nos anos 60; o curta “Ilha das flores”, que tem apenas 15 minutos, mas que trouxe grande renovação no final dos anos 80, revelando o nome de Jorge Furtado; “Anos JK – uma trajetória política” (110 min), de Sílvio Tendler; dentre vários outros títulos e nomes, como os de Eduardo Coutinho, João Batista de Andrade e Sílvio Back, estes ainda em plena atividade na atualidade.
A rigor, meu interesse pelo cinema vem desde a infância. Na adolescência (final dos anos 70 e início dos anos 80), frequentei as sessões do cine clube Tirol e as de cinema de arte, promovidas pelo Sindicato dos Bancários no antigo cine Rio Grande, em Natal (RN). Depois, entre 1987 a 2007, participei, como repórter especializado em jornalismo cultural, da maioria das edições anuais do Festival de Cinema de Natal- FestNatal, organizado pelo jornalista e crítico de cinema Valério Andrade, com apoio do Governo do RN e Prefeitura de Natal, dentre outros órgãos públicos e empresas da iniciativa privada. Primeiro, cobrindo o evento para o Diário de Natal (1987/1997); Jornal de Hoje (1998) e, mais recentemente (2005 a 2008) para a revista Brouhaha, da Fundação Capitania das Artes, órgão da Prefeitura de Natal. Com este curso, pretendo iniciar formação específica, me concentrando inicialmente na elaboração de roteiros.

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